quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012





Poderoso no Passado... Poderoso na Atualidade!
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Melck Aquino · Palmas, TO

É inacreditável, mas mesmo diante da realidade atestada por recentes pesquisas que apontam que em cada casa tem em média dois a três receptores de rádio, ainda existem políticos e alguns de seus assessores diretos que não dão a devida importância para este fascinante meio de comunicação de massa. Aliás, nada melhor do que realmente caracterizá-lo como de massa, aqui entendido sob dois aspectos, o quantitativo e o qualitativo.

Não! Calma, não estamos falando de pesquisa. É de rádio mesmo. Uso aqui o quantitativo na relação com "massa" para chamar a atenção para o fato de que hoje são 3.421 emissoras de rádio espalhadas por todo o território nacional, segundo o Ministério das Comunicações, atendendo aos locais mais distantes, muitos dos quais desprovidos do sinal de televisão. O qualitativo é utilizado para destacar o fato de que as "massas", em uma acepção popular, têm no rádio um meio de amplo uso, já que ele atinge de forma mais direta as populações de baixa renda e a juventude. Aliás, aqui vale abrir parênteses para um questionamento: que parcelas do eleitorado realmente são capazes de decidir uma eleição?

O Brasil tem um dos mais altos índices de analfabetismo do mundo – 22,8 milhões de brasileiros, o que corresponde a 13,8% da população com mais de 15 anos de idade. Pelos dados do IBGE, além dos analfabetos propriamente ditos (ou absolutos), que não sabem ler nem escrever, existem 30,5% de analfabetos funcionais, aqueles com menos de quatro anos de escolaridade. O rádio, é bom que se diga, é o único meio de comunicação de massa que efetivamente não exige alfabetização do receptor.

Um instrumento de comunicação assim deve ser considerado com respeito e profissionalismo em qualquer projeto de construção de imagem de um político com um mínimo de discernimento. Ninguém questiona que a televisão é o meio de comunicação número um, quando se fala em propaganda política no pleito eleitoral ou mesmo no aproveitamento dos espaços “gratuitos” (há controvérsia) dos programas partidários. Sim, há uma cultura visual predominante em nossa sociedade, e ninguém, em sã consciência vai negar o poder fabuloso da imagem e o fato dela exigir do telespectador uma atenção focada. Entretanto, é preciso destacar que o rádio chega aonde a TV não vai, é prático e portátil e está em 98% das casas, enquanto a TV em apenas 75%. E mais, o horário nobre do rádio dura 13 horas, enquanto o da TV, apenas três. Tudo isso numa constatação que agrada quem paga a conta. Sim, porque uma produção no rádio custa 95% menos que a da TV.

Como diz Duda Mendonça no seu livro Casos & Coisas (Editora Globo): "Quem menospreza a força do rádio, está abrindo mão de um vasto campo, ali disponível para a plantação de suas mensagens e, conseqüentemente, para a colheita de votos. O candidato que dá as costas ao rádio sugere, por isso mesmo, um pescador que inexplicavelmente, resolve pescar apenas com um anzol, uma linha e uma isca. Seguramente ele vai fisgar menos peixe do que o seu vizinho, mais experiente que pesca com várias linhas, iscas diversas e em profundidades diferentes, pois sabe que além dos peixes de superfície, existem também os de meia água e o dos fundos do mar".

Como profissional especializado em marketing eleitoral não poderia deixar de chamar a atenção para o grande erro cometido por muitos. A posição secundária do rádio não significa de forma alguma que ele não deva ser trabalhado com todo o profissionalismo pela equipe de marqueteiros e publicitários que são contratados por um político. Não se pode mais admitir, em disputas cada vez mais complexas, que cada vez mais realizam ampla exposição de homens e mulheres que se lançam na busca de votos, que simplesmente se use o áudio de programas de TV no rádio, ou mesmo textos belos e detalhados feitos para jornais de campanha. Meus ouvidos se sentem agredidos quando, mesmo em ano não eleitoral, ouço programas dos partidos políticos que simplesmente “chupam” o áudio televisivo.

O rádio tem sua própria linguagem, muito mais direta, coloquial e intimista, e somente a sintonia com esta "cara" pode possibilitar que o tripé - diversão, informação e persuasão - seja efetivamente exercitado no seu uso. Só assim será possível, efetivamente, sintonizar o som dos votos.


 

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